quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Teorias do jornalismo e jornalismo online

Matéria: Sobe para três número de mortos em queda de helicóptero em SP

Forças

Análise a partir da fórmula proposta por Jorge Pedro Sousa, em Por que as notícias são como são?.

N = f (Fp.Fso.Fseo.Fi.Fc.Fh.Fmf.Fdt)


Força pessoal (Fp) - não há pessoas famosas na matéria; mas o impacto da força pessoal pode ser notado a partir do anúncio do nome e da quantidade de mortos e feridos.
Força social organizacional e extraorganizacional (Fso e Fseo) - o impacto social está no fato de que caíram várias aeronaves - e isso pode deixar as pessoas alerta/atormentá-las
Força ideológica (Fi) - talvez a notícia tenha recebido destaque (estava na capa do site; matéria principal) por conta dos recentes graves acidentes aéreos no país e da recorrência do caos aéreo. Havia interesse para a empresa em noticiar isso, na medida em que as pessoas se sentem curiosas a clicar na notícia e impelidas a ler sobre o fato, principalmente qunado o assunto é algo relativamente recorrente para o contexto do país.
Força cultural (Fc) - país abalado por recentes grandes tragédias aéreas; as pessoas têm a tendência a incluir esses três novos acidentes dentro do mesmo contexto dos demais problemas aéreos (construção da significação do mundo).
Força histórica (Fh) - a queda de um helicóptero não teria relevância histórica; mas o fato de terem caído 3 em 2 horas em uma região geográfica limitada faz com que o fato adquira relevância. Outro elemento que contribui para a historicidade do fato são os acidentes anteriores ocorridos no país (alguns deles linkados ao final da matéria).
Força do meio físico (Fmf) - a Internet permite reunir textos, fotos e links... há uma foto da aeronave destruída e de um corpo sendo retirado dos escombros. Links apontando para matérias sobre outros acidentes aéreos é algo que só ocorre no hipertexto da Internet.
Força dos dispositivos tecnológicos (Fdt) - a Folha Online redistribui seu conteúdo pela Agência Folha, e a mesma informação é veiculada em outros sites; há ainda republicação em blogs.

Análise do discurso jornalístico

Função testemunhal - o texto é apresentado em terceira pessoa: os acidentes aconteceram, as pessoas morreram - e não sob a ótica de um eventual repórter que tenha acompanhado o fato.
Confirmação da aliança social e vigilância - o jornalismo nos informa que houve acidentes... nos informa sobre os fatos do mundo.
Desenho do espaço social - o número de quedas de helicópteros não é alto sempre? Só virou notícia porque foram três logo em seguida e bastante próximos um do outro? As pessoas saberiam pela mídia que as aeronaves caíram não fosse o fato de que tenham ocorrido logo três acidentes??? Essas questões servem para demonstrar o quanto o jornalismo contribui para o desenho do espaço social...

Fait Divers

A notícia causa sensações na medida em que fala de queda de aeronaves e mortes.
Coincidência por repetição: caíram três helicópteros; no acidente em destaque, foram ao todo três mortos.
Causa esperada: uma das aeronaves que caiu "estava sem seguro e não poderia voar". Com relação ao fato de serem três acidentes em seqüência, também pode-se dizer que tenha havido causa perturbadora (como foram cair três helicópteros em um curto espaço de tempo???).

Newsmaking e gatekeeping

A matéria é de produção própria do veículo (e não proveniente de agência de notícias), o que faz com que tenha se submetido a um processo de newsmaking (as notícias da Folha Online obedecem todas a um padrão mais ou menos estável, pelo menos em termos de forma – apresentação de fato novo + retomada de fatos recentes relacionados + outros fatos relevantes + link para matérias semelhantes). A matéria não é assinada, pode ter sido escrita por mais de uma pessoa, conjuntamente. Alguém decidiu colocá-la na capa do site, logo, teve intervenção também do webmaster (vários podem ter exercido o papel de gatekeeping). Se fosse uma matéria de agência de notícias, o papel do gatekeeper seria o de apenas incluir ou não a notícia no rol de notícias do site... (fazendo as devidas formatações/adaptações).

Teorias do jornalismo e aplicação para o JOL

Pela teoria do gatekeeper, os editores dos jornais são quem determinam o que é notícia. A eles cabe a tarefa de controlar o ‘portão’ das informações, deixando passar determinados fatos, e barrando outros. Essa visão se adapta perfeitamente a veículos tradicionais, submetidos a limitações de espaço e de tempo (nem tudo cabe em uma edição de jornal impresso, e, por isso, faz sentido barrar determinadas informações, para poder conferir mais espaço a outras). No jornalismo online, não faz sentido a figura de uma só pessoa atuando como gatekeeper. Como conseqüência, têm-se múltiplos gatekeepers, ou até mesmo uma modificação no papel de selecionar as notícias.
Alguns exemplos de como a função do gatekeeper muda no jornalismo online:
- No Google News, há um robô que agrega as notícias todas em um mesmo espaço, procurando também juntar as que tratem sobre um mesmo assunto. O resultado é um “gatekeeper” automatizado, que seleciona o que iremos ler, e ainda determina as notícias que aparecerão primeiro (a máquina determinando o que o homem irá ler; a máquina como gatekeeper).
- Dada a facilidade de publicação, muitas vezes os despachos de agências de notícias são publicados na íntegra pelos jornais online. O papel de colocar os despachos no ar, geralmente, cabe a estagiários, que precisam apenas verificar que a notícia já não foi dada antes, e então colocar o despacho em meio às últimas notícias. Quando isso acontece, o próprio estagiário está atuando como gatekeeper – claro que supervisionado por editores superiores, ou gatekeepers dos gatekeepers.
- Geralmente, a pessoa que administra a capa do site não é a mesma que redige os textos. Assim, a tarefa de decidir quais notícias irão para a página inicial de um jornal online também é papel de um outro gatekeeper.
- Sites de webjornalismo participativo abrem espaço para formas de gatewatching (e não gatekeeping), na medida em que o editor apenas organiza e hierarquiza o material recebido, permitindo a publicação de quase tudo o que entra em termos de colaboração.
- A forma de selecionar textos em blogs [“jornalísticos”, ou com conteúdo jornalístico, ou feito por jornalistas] também é diferente, e depende em grande parte da subjetividade do próprio autor do blog (quem escreve é seu próprio gatekeeper).
- No Terra, pelo menos em 2004, o sistema de publicação de notícias provenientes de agências era automatizado – o despacho entrava automaticamente nas últimas notícias, e, só então, alguém (provavelmente, o estagiário) ia lá e verificava se o texto tinha condições de continuar ali, e, em caso afirmativo, para qual editoria ele iria (co-gatekeeping entre robô e estagiário? :P).
- Por fim, os próprios leitores podem atuar como gatekeeping, na medida em que escolhem seus caminhos pelo hipertexto.

Um comentário:

Anônimo disse...

Thanks :)
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